Teresa Pereira, investigadora de doutoramento do Laboratório de Desenvolvimento e Psicopatologia do CIPsi, foi entrevistada pela jornalista Andréia Azevedo Soares do PÚBLICO para o artigo "A ansiedade climática constitui uma resposta proporcional à dimensão da crise climática".
“A ansiedade climática não é uma condição clínica”, afirmou a investigadora do CIPsi. Para a investigadora, pintar as emoções relacionadas à ansiedade climática com um verniz “estigmatizante” e “patológico” é um erro pois a ansiedade climática não é uma condição clínica mas constituI uma resposta proporcional à dimensão da crise climática. Associar a ansiedade climática a uma condição clínica seria “desresponsabilizar a sociedade por um problema que é colectivo”, pondo “o peso” desta experiência emocional unicamente nas costas das pessoas que sentem ecoansiedade.
A investigadora explicou que a ecoansiedade é muito diferente da ansiedade que nós sentimos no dia-a-dia, que se trata de uma resposta adaptativa, em que nós [psicólogos] conseguimos dar algum sentido de controlo à pessoa, para que possa gerir as respostas emocionais negativas que tem face a um determinado stressor. Já no caso das alterações climáticas, "estamos a falar de algo que foge muito ao nosso alcance individual. E, por isso, torna-se muito mais difícil dar conforto e sentido de controlo à pessoa”.

Teresa Pereira é membro do EcoPsi — Psicologia e Clima, um colectivo que agrega profissionais de psicologia atentos à associação entre saúde mental e crise climática; e coordenou o guia digital Climate Teenage Guide, um guia elaborado por e para jovens activistas climáticos. Lançada em Setembro, esta publicação gratuita inclui estratégias para promover a comunicação e a saúde mental no contexto das alterações climáticas.
Saiba mais: