Decorreu ontem, 31 de maio, a Conferência "Uma Abordagem Interseccional sobre o Impacto da Pandemia", que estudou os impactos da covid-19, enquadrada no projeto do CIPsi "Efeitos da Pandemia Covid-19 em Mulheres e Raparigas NPT: Uma Abordagem Interseccional", financiado pelo Fundo para o Asilo, as Migrações e a Integração (FAMI).
Os resultados foram apresentados por Mariana Gonçalves, investigadora responsável pelo projeto e coordenadora do Laboratório Vítimas, Ofensores e Sistema de Justiça do CIPsi. Concluem que 70% das mulheres migrantes sofreram pelo menos uma forma de violência durante a pandemia e quase 60% foi vítima de discriminação.
70% das mulheres migrantes sofreram pelo menos uma forma de violência durante a pandemia;
60% foi vítima de discriminação;
75% relatou acumular 5 formas de violência, das 9 formas de impacto analisadas;
25% revela já ter sido vítima de violência sexual.
A maioria das 337 mulheres imigrantes ouvidas, de 13 distritos do continente e dos Açores, relatou o agravamento do contexto de violência no período da pandemia dentro, mas também fora do âmbito familiar.
O estudo também revela que uma percentagem significativa das mulheres imigrantes foi vítima pela primeira vez durante a pandemia.
Em todos os casos, o fator preponderante está relacionado com o fato de serem imigrantes e de grupos étnicos minoritários.
Para a Alta-Comissária para as Migrações, Sónia Pereira, o estudo demonstra a necessidade de reforçar a formação e sensibilização dos técnicos que interagem com estas mulheres migrantes.
Os resultados do projeto são particularmente relevantes para compreender e dar a conhecer os mecanismos de encaminhamento e de resposta que existem para dar a atenção devida a estas mulheres e são um relevante contributo para a definição e adaptação das políticas públicas às necessidades identificadas.
Mais informações:
https://covidimpact.my.canva.site/
https://www.rum.pt/news/70-das-mulheres-migrantes-em-portugal-sofreram-alguma-forma-de-violencia
https://portocanal.sapo.pt/noticia/328574