Ambivalência e resolução da ambivalência: uma análise da interação terapêutica
Pereira, Sara Maria do Nascimento Dinis
Tese
Dissertação de mestrado em Psicologia Aplicada (área de especialização em Psicologia Clínica e da Saúde)
Quando não resolvida, a ambivalência pode condicionar o sucesso terapêutico. Assim,
pretendemos saber de que modo a díade terapêutica interage nos momentos de ambivalência e
nos momentos de resolução da ambivalência, num caso de sucesso seguido em terapia
construtivista de luto complicado. Para tal analisamos as intervenções do terapeuta antes e
depois dos momentos de ambivalência e da sua resolução e as respostas da cliente, utilizando o
Sistema de Codificação de Colaboração Terapêutica. Os resultados mostram que os momentos
de ambivalência e os momentos de resolução de ambivalência tendem a emergir na sequência
de intervenções de desafio. Mostram ainda que face aos primeiros o terapeuta tende a oferecer
suporte, ao passo que face aos segundos, o terapeuta tende a persistir no desafio. Por sua vez a
cliente tende a validar as intervenções do terapeuta, sugerindo que a díade trabalha a maior
parte do tempo dentro da Zona de Desenvolvimento Proximal Terapêutica. Estes resultados vão
de encontro aos estudos anteriores, sendo a principal diferença a elevada percentagem de
invalidação face ao desafio, pouco comum nas amostras estudadas anteriormente. Especula-se
que este fenómeno possa refletir a dificuldade e a culpa associadas à reconstrução da vida face
à perda.
When unresolved, ambivalence may condition therapeutic success. Therefore will study
how the therapeutic dyad interacts in these moments of ambivalence and in moments when
ambivalence is solved, in a successful case followed in a constructivist therapy of complicated
mourning. For that purpose, we analyzed the therapist´s interventions before and after the
moments of ambivalence, its resolution and the client´s responses, using the Therapy
Collaboration Coding System. The results suggest that moments of ambivalence and moments
of solving ambivalence tend to emerge as a result of challenging interventions. When
ambivalence emerges, the therapist tends to offer support, and when ambivalence is solved, the
therapist tends to persist in the challenge. In turn, the client tends to validate the therapist's
interventions, implying that the dyad works most of the time within the Therapeutic Proximal
Development Zone. These results are generally in line with previous studies. An important
difference is the high percentage of invalidation of the client towards challenging therapist
interventions, uncommon in the samples studied previously. We speculated that this
phenomenon may reflect the difficulty and guilt associated with rebuilding life in the face of
loss.