Processamento de informação social em crianças com experiências de adversidade e imprevisibilidade
Mesquita, Soraia Soares
Diversos
Este estudo pretendeu averiguar, através de uma abordagem adaptativa, qual o efeito das experiências
de adversidade e imprevisibilidade (i.e., experiências negativas) nos comportamentos de deteção de
ameaça e no viés de atribuição hostil de crianças, em condições de stress. Para o efeito, constituiu-se
uma amostra não probabilística de 67 crianças, dos 7 aos 10 anos de idade. Para induzir a condição de
stress/não stress, elaboraram-se duas histórias e aplicaram-se três instrumentos para avaliar: (1)
experiências negativas; (2) comportamentos de deteção de ameaça; e (3) viés de atribuição hostil.
Verificou-se que os comportamentos de deteção de ameaça não estão associados com as experiências
negativas. No entanto, crianças com mais experiências adversas têm um melhor desempenho na deteção
da ameaça na condição de não stress. Adicionalmente, crianças com mais experiências negativas têm
um viés de atribuição hostil maior na condição de não stress. Este estudo constitui um contributo para a
compreensão do efeito das experiências negativas no processamento de informação social e no
funcionamento das crianças, podendo ter implicações para a elaboração de programas de intervenção.
The purpose of this study was to investigate, through an adaptational approach, the effect of adverse
and unpredictable experiences (i.e., negative experiences) on threat detection behavior and hostile
attribution bias of children, in stress conditions. To this end, we constituted a non-probabilistic sample of
67 children, from 7 to 10 years of age. We developed two stories to induce the stress/ non-stress
conditions and three instruments to assess: (1) negative experiences; (2) threat detection behavior; and
(3) hostile attribution bias. We found that threat detection behavior is not correlated with negative
experiences. However, children with more adverse experiences have a better performance on the threat
detection task in the non-stress condition. Additionally, children with more negative experiences have a
higher hostile attributional bias in the non-stress condition. This study contributes to the knowledge about
how negative experiences affects children’s social information processing and functioning, which can
have implications for the elaboration of intervention programs.