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Desenvolvimento vocacional nos primeiros anos da adolescência: teoria e prática

Desenvolvimento vocacional nos primeiros anos da adolescência: teoria e prática

Diversos

[Introdução] Em geral, no contexto da literatura sobre a Intervenção vocacional, o conhecimento de si próprio e das futuras alternativas escolares e profissionais bem como o desenvolvimento dos rudimentos da tomada de decisão têm sido considerados dois aspectos Importantes a desenvolver no Ensino Básico, tanto como filosofia como praxis. Neste contexto, os modelos mais actuais da orientação vocacional têm vindo também a reforçar a Ideia de que a Intervenção vocacional durante a Infância e os primeiros anos da adolescência, ou seja, nos primeiros anos do Ensino Básico, deveria caracterizar-se pela oferta sistemática de conhecimento e de competências através do currículo, a partir de formas de cooperação efectiva entre os pais, professores e profissionais da orientação.
Staleye Manglesi (1984), entre outros (exs: Gottfredson, 1981; Sellgman, 1994; Super, 1981; Zunker, 1994) fizeram notar que as crianças começam a formular decisões vocaclonais, mesmo antes de irem à escola e vão adquirindo impressões sobre o trabalho que as pessoas conhecidas realizam (exs: familiares, vizinhos, pessoas da comunidade), o tipo de locais onde as pessoas estão empregadas, os benefícios e compensações que as mesmas auferem e as capacidades requeridas para uma realização aceitável.
Com base nestas Impressões e modelos observados, as crianças não só vão considerando certas actividades, trabalhos e profissões como carreiras possíveis para si próprias como também vão pondo de lado outras, tanto para o presente como para o futuro.
Assim, quando entram na escola, muitas crianças têm já noções mais ou menos claras sobre a existência de diferentes tipos de trabalho ou empregos e sabem que as pessoas decidem fazer este ou aquele tipo de trabalho.
Durante os primeiros anos de escolaridade, então, as crianças podem expressar já muitas escolhas profissionais. Frequentemente, trata-se de profissões que derivam dos mais significativos e, mais tarde, das profissões dos seus heróis.
Os trabalhadores que são poderosos, habilidosos, corajosos e orientados para a acção, por exemplo, são particularmente desejados e emulados pelas crianças.
Nesta fase da vida e do desenvolvimento vocacional, as preferências vocacionais assentam, num primeiro momento, não na apreciação de gostos ou outras características pessoais, mas tão somente na fantasia, nos símbolos de poder, de autoridade e de prestígio reflectidos nas actividades desempenhadas pelos adultos significativos ou por heróis reconhecidos e, naquilo que parece excitante e agradável.
Nesta fase inicial do desenvolvimento vocacional, que Ginzberg, Ginsburg, Axlrad e Herma (1951) e Super (1995) designam como correspondendo a um estádio de fantasia ou crescimento, será Importante estimular o jogo, a simulação, a curiosidade e a exploração de aspectos do mundo exterior e de sipróprio, pois são estes processos que permitem às crianças, recolher e processar Informação válida sobre si e sobre o meio e formar os seus primeiros auto-conceitos. Segundo aqueles autores, o estádio da Fantasia oferece oportunidades para a criança tentar, ensaiarem Imaginação ou no jogo e nas suas actividades, muitos dos papéis adultos, sem correr qualquer risco. As crianças retiram satisfação no desempenho destes papéis poderosos dos seus heróis e adquirem alguma auto-conflança. Os adultos (pais, outros familiares, educadores e professores) devem, portanto, encorajar a fantasia durante este período e evitar introduzir elementos realistas prematuros. Ou seja, não deve haver a preocupação de ajustar as escolhas das crianças a opções profissionais adequadas à sua situação porque as preferências expressas durante este estádio são, geralmente, instáveis e de curta duração.

Publicação

Ano de Publicação: 2015