Atenção partilhada em bebés institucionalizados aos 9 e 12 meses de idade: caracterização, relação com a sensibilidade e cooperação dos cuidadores e, influência no desenvolvimento da linguagem aos 18 meses
Ribeiro, Raquel de Lemos Costa
Tese
Dissertação de mestrado integrado em Psicologia (área de especialização em Psicologia Clínica)
A atenção partilhada é a competência que permite ao bebé coordenar a atenção com
um parceiro social e, ao mesmo tempo, com um terceiro objecto, tendo de existir
obrigatoriamente alternância de olhares entre os parceiros sociais e o objecto. Esta
competência promove assim a formação de interacções triádicas, e emerge por volta dos 9
meses de idade, sendo geralmente avaliada com base em duas categorias principais: a
Resposta do bebé a comportamentos de Atenção Partilhada por parte do adulto (RJA) e a
Iniciação de Atenção Partilhada por parte do bebé (IJA). Este estudo incide numa amostra
de bebés institucionalizados, uma vez que a investigação tem vindo a destacar o impacto
negativo dos cuidados institucionais no desenvolvimento, designadamente no crescimento
físico, cerebral, cognitivo e emocional do bebé. Face ao exposto, este estudo contempla a
caracterização da evolução desenvolvimental das capacidades da manifestação de atenção
partilhada em bebés institucionalizados aos 9 e 12 meses de idade, relaciona essa
manifestação com a prestação do cuidador, nomeadamente ao nível da sensibilidade e
cooperação e, por fim, analisa se se verifica alguma influência da manifestação de atenção
partilhada no desenvolvimento da linguagem aos 18 meses de idade. Os resultados
apontam para uma evolução ao longo do tempo na manifestação de resposta do bebé a
sugestões de Atenção Partilhada por parte do adulto e Iniciação de comportamentos de
Atenção Partilhada, bem como diferenças ao nível dos comportamentos dos cuidadores, ao
longo do tempo e com base na condição da interacção. Observou-se ainda que os bebés
iniciaram mais comportamentos de Atenção Partilhada quando a cooperação dos
cuidadores era mais elevada, e que, a manifestação de Iniciação de Comportamentos de
Atenção Partilhada aos 9 e 12 meses se encontra associada com o desenvolvimento da
linguagem aos 18 meses. Deverão ser conduzidas mais investigações nesta linha, com vista
a uma mais clara interpretação e compreensão do impacto das diferenças individuais na
emergência de outros marcos desenvolvimentais nos bebés.
Joint attention is the ability that allows infants’ to coordinate attention with a social partner
and at the same time, with a third object, where must have alternation of gaze between the
social partners and the object. This skill promotes the creation of triadic interactions,
emerges at about 9 months old and is generally evaluated based on two main categories:
responding to joint attention (RJA) and initiating joint attention (IJA). This study focuses on a
sample of institutionalized infants’, because research has emphasized the negative impact
on the development of institutional care, particularly in infants’ physical, cerebral, cognitive
and emotional growth. In face of, this study includes the characterization of the
developmental evolution of the joint attention in institutionalized infants’ at 9 and 12 months
of age, relates this with the care of the caregiver, particularly in terms of sensitivity and
cooperation, and finally understand whether there is some influence of joint attention
manifestation in language development at 18 months of age. The results indicate a
development along the time in manifestation of infants’ responding to joint attention and
initiating joint attention, as well as differences in caregivers behaviors over the time and in
different interaction condition’s. It was also observed that infants’ show more initiating joint
attention behaviors when cooperation of the caregivers was higher, and that the
manifestation of initiating joint attention behaviors at 9 and 12 months is related with
language development at 18 months. More research should be conducted to understand the
impact of individual differences in the emergence of other developmental milestones in
infants’.