Factores de risco associados à ideação suicida durante a prisão preventiva: estudo exploratório
Moreira, Nuno Alexandre Costa
Tese
Dissertação de mestrado em Psicologia (área de conhecimento em Psicologia da Justiça)
As taxas de comportamentos suicidários nas prisões portuguesas são extraordinariamente elevadas comparativamente às observadas entre a população geral, não se conhecendo estudos empíricos que se tenham debruçado sobre os factores de risco associados a este fenómeno. O presente estudo tenta colmatar essa lacuna, abrindo caminho a futuras investigações sobre comportamentos suicidários em meio prisional.
A ideação suicida pode ser considerada o primeiro marcador de risco suicida. Quando persistente, evolui frequentemente para comportamentos suicidários com final fatal. As teorizações sobre comportamentos suicidários mais recentes subdividem os factores de risco suicida mediante a dicotomia stress-vulnerabilidade. Como tal, esta investigação tem o intuito de procurar por diferenças significativas nos factores de risco suicida relativos às vulnerabilidades dos recluídos e ao stress prisional em dois grupos de reclusos preventivos, reclusos em risco suicida e reclusos que não se encontram em risco.
Para o efeito desenvolveu-se um estudo exploratório que decorreu em dois períodos da execução da prisão preventiva, durante a primeira semana de reclusão (1ª fase) e após seis meses de cumprimento da pena (2ª fase). Na 1ª fase avaliaram-se 100 reclusos através do Questionário de Ideação Suicida (QIS), o que permitiu formar dois grupos, reclusos em risco suicida e reclusos sem risco suicida. Nesta fase da investigação tentou-se analisar se o grupo em risco suicida difere significativamente quanto à perturbação emocional avaliada pelo Inventário de Sintomas Psicopatológicos (BSI) e às características sociodemográficos, criminais, história de autolesão, abuso ou dependência de substâncias e história de tratamento psiquiátrico. Da amostra inicial, apenas 66 reclusos participaram na 2ª fase da investigação. Nesta fase procurou-se verificar que aspectos da vida em meio prisional e que fases da execução da pena podem exacerbar significativamente a ideação suicida. Para tal, avaliou-se novamente a ideação suicida (QIS), a perturbação emocional (BSI), o abuso ou dependência de substâncias na prisão, os incidentes de autolesão ocorridas na prisão e os episódios de isolamento disciplinar. O Inventário de Stress em Meio Prisional (ISMP), permitiu ainda avaliar e correlacionar o risco suicida com o grau de stress prisional contingente ao processo judicial, sobrelotação, isolamento disciplinar e vitimização.
Os resultados deste estudo demonstraram que a população reclusa preventiva constitui um grupo social de elevado risco suicida. Entre os dois grupos em análise, o grupo de reclusos em risco suicida demonstrou ser o mais vulnerável, apresentando percentagens significativamente superiores ao nível: (1) dos incidentes de autolesão no período pré-reclusão e durante a execução da pena; (2) do abuso ou dependência de substância, especialmente de heroína e cocaína no período pré-reclusão; e (3) da sintomatologia psicopatológica, principalmente depressiva, ansiosa e psicótica. Entre os stressores malignos inerentes ao contexto prisional que se correlacionam com risco suicida é possível encontrar: (1) a fase inicial da execução da pena; (2) o isolamento disciplinar; (3) a sobrelotação; (4) o processo judicial; e (5) a vitimização.
As taxas de comportamentos suicidários nas prisões portuguesas são extraordinariamente elevadas comparativamente às observadas entre a população geral, não se conhecendo estudos empíricos que se tenham debruçado sobre os factores de risco associados a este fenómeno. O presente estudo tenta colmatar essa lacuna, abrindo caminho a futuras investigações sobre comportamentos suicidários em meio prisional.
A ideação suicida pode ser considerada o primeiro marcador de risco suicida. Quando persistente, evolui frequentemente para comportamentos suicidários com final fatal. As teorizações sobre comportamentos suicidários mais recentes subdividem os factores de risco suicida mediante a dicotomia stress-vulnerabilidade. Como tal, esta investigação tem o intuito de procurar por diferenças significativas nos factores de risco suicida relativos às vulnerabilidades dos recluídos e ao stress prisional em dois grupos de reclusos preventivos, reclusos em risco suicida e reclusos que não se encontram em risco.
Para o efeito desenvolveu-se um estudo exploratório que decorreu em dois períodos da execução da prisão preventiva, durante a primeira semana de reclusão (1ª fase) e após seis meses de cumprimento da pena (2ª fase). Na 1ª fase avaliaram-se 100 reclusos através do Questionário de Ideação Suicida (QIS), o que permitiu formar dois grupos, reclusos em risco suicida e reclusos sem risco suicida. Nesta fase da investigação tentou-se analisar se o grupo em risco suicida difere significativamente quanto à perturbação emocional avaliada pelo Inventário de Sintomas Psicopatológicos (BSI) e às características sociodemográficos, criminais, história de autolesão, abuso ou dependência de substâncias e história de tratamento psiquiátrico. Da amostra inicial, apenas 66 reclusos participaram na 2ª fase da investigação. Nesta fase procurou-se verificar que aspectos da vida em meio prisional e que fases da execução da pena podem exacerbar significativamente a ideação suicida. Para tal, avaliou-se novamente a ideação suicida (QIS), a perturbação emocional (BSI), o abuso ou dependência de substâncias na prisão, os incidentes de autolesão ocorridas na prisão e os episódios de isolamento disciplinar. O Inventário de Stress em Meio Prisional (ISMP), permitiu ainda avaliar e correlacionar o risco suicida com o grau de stress prisional contingente ao processo judicial, sobrelotação, isolamento disciplinar e vitimização.
Os resultados deste estudo demonstraram que a população reclusa preventiva constitui um grupo social de elevado risco suicida. Entre os dois grupos em análise, o grupo de reclusos em risco suicida demonstrou ser o mais vulnerável, apresentando percentagens significativamente superiores ao nível: (1) dos incidentes de autolesão no período pré-reclusão e durante a execução da pena; (2) do abuso ou dependência de substância, especialmente de heroína e cocaína no período pré-reclusão; e (3) da sintomatologia psicopatológica, principalmente depressiva, ansiosa e psicótica. Entre os stressores malignos inerentes ao contexto prisional que se correlacionam com risco suicida é possível encontrar: (1) a fase inicial da execução da pena; (2) o isolamento disciplinar; (3) a sobrelotação; (4) o processo judicial; e (5) a vitimização.