A influência dos traços psicopáticos na relação entre os maus-tratos na infância e a delinquência violenta e não violenta

Dissertação de mestrado em Psicologia da Justiça
A literatura tem dado cada vez mais importância à forma como os maus-tratos na infância influenciam a
delinquência. De modo a explicar os mecanismos subjacentes a esta relação, a mediação dos traços
psicopáticos foi estudada e comprovada. Contudo, a investigação desta mediação na relação entre os maus tratos e a delinquência violenta e não violenta não foi, ainda, explorada. Desta forma, temos como objetivo
incorporar estas linhas de pesquisa, hipotetizando a existência desta mediação quer na delinquência violenta
quer na delinquência não violenta e analisando a possibilidade deste mediador ser mais forte na relação com
a delinquência violenta, quando comparado com a não violenta. O nosso estudo contou com 366 jovens,
que completaram o ISRD-3 e o YPI-SV com o intuito de identificar possíveis experiências de maus-tratos,
comportamento delinquente e traços psicopáticos. Os resultados demonstram que os traços psicopáticos
medeiam totalmente a relação entre os maus-tratos na infância e a delinquência violenta e medeiam
parcialmente a relação entre os maus-tratos na infância e a delinquência não violenta. Consequentemente,
podemos concluir que os traços psicopáticos são um dos mecanismos pelos quais os maus-tratos na infância
influenciam a delinquência violenta e a não violenta, ajudando a explicar a relação entre eles.
Over time, literature has increasingly emphasized the influence of childhood maltreatment on delinquency.
In order to explain the underlying mechanisms of this relationship, the mediation of psychopathic traits has
been studied and established. However, the investigation of this mediation in the relationship between
maltreatment and violent and nonviolent delinquency has not yet been explored. Therefore, our goal is to
incorporate these lines of research, hypothesizing the existence of this mediation in both violent and non violent delinquency, and to analyze the possibility of this mediator being stronger in the relationship with
violent delinquency compared to nonviolent delinquency. In our study, the YPI-SV and ISRD-3 were
administered to 366 youths to identify possible experiences of victimization, delinquent behavior, and
psychopathic traits. The results demonstrate that psychopathic traits fully mediate the relationship between
childhood maltreatment and violent delinquency and partially mediate the relationship between childhood
maltreatment and nonviolent delinquency. As a result, we can conclude that psychopathic traits are one of
the mechanisms through which childhood maltreatment influences both violent and nonviolent delinquency,
helping to explain the relationship between these phenomena.