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Crescimento pós-traumático, espiritualidade, morbilidade psicológica e imagem corporal em mulheres com cancro da mama em tratamento de quimioterapia

Crescimento pós-traumático, espiritualidade, morbilidade psicológica e imagem corporal em mulheres com cancro da mama em tratamento de quimioterapia

Paredes, Ana Cristina Marques

| 2012 | URI

Tese

Dissertação de mestrado integrado em Psicologia (área de especialização em Psicologia da Saúde)
Em Portugal continua a verificar-se um aumento do número de casos de cancro, sendo o da
mama o responsável por mais óbitos nas mulheres. Face a esta elevada prevalência e ao elevado
número de mulheres submetidas a tratamento para o cancro da mama, torna-se relevante conhecer a
sua experiência pessoal durante este período. Neste sentido, o presente estudo teve por objetivo
caracterizar as mulheres com cancro da mama em tratamento de quimioterapia ao nível do crescimento
pós-traumático, espiritualidade, imagem corporal e morbilidade psicológica. Participaram na
investigação 50 mulheres a realizar tratamento num hospital de dia oncológico, que aceitaram
responder aos questionários: Posttraumatic Growth Inventory (PTGI, versão portuguesa de Silva,
Moreira, Pinto & Canavarro, 2009), Spiritual and Religious Attitudes in Dealing with Illness
(SpREUK, versão de investigação de Pereira & Pedras, 2011), Body Image Scale (BIS, versão
portuguesa de Moreira & Canavarro, 2007) e Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS, versão
portuguesa de McIntyre, Pereira, Soares, Gouveia & Silva, 1999).
Os resultados mostraram que as mulheres com mais espiritualidade relataram maior
crescimento pós-traumático, mas não encontrou qualquer relação da espiritualidade e crescimento póstraumático
com a morbilidade psicológica. Verificou-se que as pacientes diagnosticadas há mais
tempo e que estavam a ser tratadas para uma recidiva tinham mais depressão e pior imagem corporal
(embora as diferenças na imagem corporal fossem apenas marginais para a recorrência). A gravidade
da doença (estadio), não permitiu detetar diferenças ao nível das variáveis psicológicas. Além disso,
verificou-se que, ao nível do tipo de cirurgia, ter realizado mastectomia versus cirurgia conservadora
apenas se traduziu em diferenças ao nível do crescimento pós-traumático, enquanto que comparando
as mulheres que fizeram cirurgia versus as que não fizeram, encontraram-se diferenças ao nível da
depressão (embora marginais) e imagem corporal, com maior prejuízo para as que fizeram cirurgia.
Esta investigação sublinhou a importância de considerar o modo como as mulheres lidam com
a doença, particularmente a relevância do modo como percecionam os efeitos da cirurgia mais que o
tipo de cirurgia (mais ou menos invasiva), e a ausência de diferenças nas variáveis psicológicas em
função da gravidade da doença. Assim, investigações futuras deveriam procurar compreender de que
forma o coping pode moderar a relação entre as características da doença e o ajustamento.
In Portugal, there is still an increase in the incidence of cancer cases and breast cancer is the
one responsible for more deaths in women. Given this elevated prevalence and the high number of
women submitted to treatments for breast cancer, it is important to get to know their personal
experience during this phase. This study intended to characterize women with breast cancer
undergoing chemotherapy treatment in terms of their posttraumatic growth, spirituality, body image
and psychological morbidity. 50 women participated in the study, all under treatment in a day-care
oncological hospital, and answered the questionnaires: Posttraumatic Growth Inventory (PTGI,
Portuguese version by Silva, Moreira, Pinto & Canavarro, 2009), Spiritual and Religious Attitudes in
Dealing with Illness (SpREUK, investigation version by Pereira & Pedras, 2011), Body Image Scale
(BIS, Portuguese version by Moreira & Canavarro, 2007) e Hospital Anxiety and Depression Scale
(HADS, Portuguese version by McIntyre, Pereira, Soares, Gouveia & Silva, 1999).
Results showed that women with more spirituality showed more posttraumatic growth, but an
association between spirituality, posttraumatic growth and psychological morbidity was not found.
Patients who had been diagnosed longer and who were being treated for a recurrence presented more
depression and worst body image (although the differences on body image were only marginal for
recurrence). Severity (stage) of the disease was not accountable for differences on psychological
variables. Also, the type of surgery (having a mastectomy versus breast-conserving surgery) was only
responsible for differences on posttraumatic growth, while comparing women who had a surgery
versus those who had not, accounted for differences on depression (although only marginally) and
body image with worst outcome for women who had surgery.
This study underlines the importance of considering how women deal with the disease, mainly
the relevance of how they perceive the surgery’s side effects, more than the type of surgery (more or
less invasive), and the absence of differences on psychological variables due to disease’s severity.
Future investigations should try to understand how coping can moderate the relationship between
disease characteristics and adjustment.

Publicação

Ano de Publicação: 2012