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Qualidade da vinculação em crianças com perturbação do espectro do autismo: contributos individuais, relacionais e clínicos

Qualidade da vinculação em crianças com perturbação do espectro do autismo: contributos individuais, relacionais e clínicos

Fachada, Inês Maria Andrês

| 2021 | URI

Tese

Tese de doutoramento em Psicologia Aplicada
Crianças com Perturbação do Espectro do Autismo (PEA), apesar dos défices sócio-emocionais, são
capazes de estabelecer relações de vinculação com os cuidadores, inclusive, relações seguras,
embora relações de insegurança e desorganização tendam a ser frequentes. O presente estudo
pretende aprofundar o conhecimento da qualidade da vinculação entre crianças com PEA e a figura
materna. Foi avaliada a vinculação de 42 crianças em idade pré-escolar com PEA e as suas mães,
em termos de (des)organização e de comportamentos perturbados de vinculação, para além de
características com possível impacto na qualidade do vínculo. Constatou-se pouca expressividade
nos comportamentos de vinculação. Mais de metade (52.4%) das crianças foi classificada como
segura, 30.8% como inseguras, e 16.7% como desorganizadas ou não-classificáveis. Cumpriram o
critério para comportamentos perturbados de vinculação, de tipo indiscriminado, inibido e de
distorções de base segura, 54.8%, 42.9% e 2.4% das crianças, respetivamente. Diversas
características da criança e da mãe estão associadas e/ou revelam diferenças em função da
qualidade da vinculação. O nível de desenvolvimento e o funcionamento da criança, bem como a
sintomatologia psicopatológica materna constituíram-se como os preditores mais relevantes da
qualidade da vinculação. Todavia, a gravidade do quadro clínico de PEA, o temperamento e os
problemas emocionais e comportamentais da criança, e o desamparo na prestação de cuidados por
parte da mãe também se revelaram preditores. Como implicações clínicas, sublinha-se a
importância da intervenção com as famílias de crianças com PEA no sentido da promoção do
desenvolvimento psicomotor e funcionamento adaptativo, da redução da sintomatologia clínica e
problemas associados da criança, bem como da promoção da saúde mental parental e da qualidade
da interação e do vínculo entre criança e cuidadores.
Despite their socio-emotional impairments, children with Autism Spectrum Disorders (ASD) are able
to establish attachment relationships with their caregivers, including secure ones. Nevertheless, they
do often tend to display insecure and disorganized relationships. The present study aims to expand
our knowledge regarding the quality of the attachment between children with ASD and the maternal
figure. We assessed the attachment of 42 preschool children with ASD and their mothers, in terms of
(dis)organization and attachment disordered behaviours, as well as characteristics with possible
impact on the quality of the mother-child relationship. Results showed that children displayed little
expression of attachment behaviours. Just over half (52.4%) of the children was classified as secure,
30.8% as insecure, and 16.7% as disorganized or non-classified. 54.8%, 42.9% and 2.4% of the
children met the criteria for indiscriminate, inhibited and secure base distortions attachment
disordered behaviours, respectively. Several child’s and maternal characteristics were associated
and/or showed differences relating to the quality of attachment. The child’s developmental level and
functioning, as well as the maternal psychopathological symptomatology were the best predictors of
the quality of the child’s attachment. Other predictors of the attachment quality were the autism
severity, the child’s temperament and emotional and behavioral problems, and the mother’s
helplessness regarding caregiving. Clinical implications that we highlight are the importance of
intervention with families with children with ASD in order to promote the child’s development and
adaptive functioning, and to reduce the child’s symptomatology and associated problems, as well as
to promote the parental mental health and the quality of the interaction and of the attachment
between the child and their caregivers.
O programa de trabalhos a que se refere a presente dissertação realizou-se no Centro de
Investigação em Psicologia (PSI/01662), Escola de Psicologia, Universidade do Minho, financiado
pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), através do Orçamento de Estado
(UIDB/PSI/01662/2020). O plano de trabalhos foi ainda realizado ao abrigo da Bolsa FCT de
Referência SFRH/BD/75985/2011.

Publicação

Ano de Publicação: 2021

Identificadores

ISBN: 101397607