Passar para o conteúdo principal

Intimate partner violence against men: From characteristics to their meanings

Intimate partner violence against men: From characteristics to their meanings

Machado, Andreia Patrícia Guimarães

| 2016 | URI

Tese

Tese de Doutoramento em Psicologia Aplicada
Intimate partner violence was seen, before the 70s, as an individual problem. Since then it has
been recognized as a social, criminal, transversal, and heterogeneous problem, whose
consequences are multi-level. In the last decades, a large body of research demonstrated that IPV
has different protagonists and that men are also victims in their intimate relationships. Despite its
international gradual attention, IPV against men remains almost invisible and is not yet recognised
as a type of interpersonal violence in Portugal. Therefore, this dissertation attempted to explore the
phenomenon of IPV against men, throughout a mixed method design and a social constructivist
lens. The purpose was to contribute to an increased recognition (scientific, social, and criminal)
and an informed debate on IPV against men that suggest effective policies and practices to address
victim’s needs. In order to achieve these aims, a set of studies were conducted - two theoretical
and four empirical. The first two chapters are theoretical and allowed to “map” the scientific
knowledge about IPV against men on the (inter)national scene. A thorough review of the numerous
theoretical approaches about the phenomenon was critically presented, as well as a description of
the major empirical research developed under these approaches. Notwithstanding all the
controversies surrounding this issue, conceptual and methodological, the theoretical base of this
dissertation indicated that men are victims of IPV. The quantitative study resulted in three chapters.
The first empirical chapter (chapter III), an online study with a community sample of 1556
heterosexual men, aimed to explore the prevalence of this phenomenon, the types of violence and
the categorization of participants (i.e., as a victim, a perpetrator or a victim-perpetrator overlap)
within their intimate relationships. Victimization and perpetration rates reported by men in this
community sample indicate gender symmetry and that in most of the cases IPV was bidirectional.
The second empirical study (chapter IV) was conducted with a sub-sample of the first, specifically
with men who identified themselves as victims ( n = 89). The aims of this study were to explore the
prevalence, the dynamics and context(s) of IPV and its impact on men. Studying the reactions that
men victims adopt after an episode of IPV, the perceived motives for the partner’s aggressive
behavior and the reasons that prevent men from leaving their abusive relationships were also
critical goals. Results suggested that male victim’s experiences of IPV resemble those of female
victims in many ways. Men reported more psychological victimization, negative consequences to their lives at different levels and seemed to adopt more covert reactions to deal with IPV (e.g., talk
with the partner to reach an agreement). Love, hope and desire to maintain the family life were the
main reasons reported to not leave the abusive relationship. Power and control and also jealousy
were the main motives reported by men for partner’s aggression. In the third study, with the same
sub-sample (chapter V; n = 89) we aimed to characterise and predict the victims’ help-seeking
behavior (formal and informal sources), to assess the quality of the support provided and to identify
the specifics needs of those men victims. Results evidenced that the majority of men did not seek
for help and, when they did, they evaluated negatively the formal resources. Additionally, physical
violence and impact of IPV seemed to predict men’s help-seeking. In this chapter we also reflected
on how societal stigmatization, gender bias, and strong endorsement of socio-cultural values could
influence the help-seeking process. The fourth empirical study (chapter VI), based on a qualitative
approach, aimed to get a deeper knowledge of the experiences of 10 victims of IPV that sought for
help (e.g. DV agencies and/or the legal system). In depth interviews were conducted, which were
analysed according with the procedures of thematic analysis. Five main categories emerged from
the participants’ narratives: (1) Types of violence; (2) Dynamics of violence; (3) Impact of IPV; (4)
Coping; (5) Type and quality of help-seeking. The majority of the men were victims of quite severe
violence on both physical and psychological levels and reported had been a target of secondary
victimization by the help-seeking agencies. This dissertation concluded throughout an integrative
analysis of the theoretical chapters and empirical data, with a critical reflection on the complex
nature of IPV, as well as on the major contributions and implications of the present work for
research and practice. Some recommendations for future research are also highlighted.
A violência na intimidade (VI), antes da década de 70, era conceptualizada com um problema
individual. Ao longo das últimas décadas este fenómeno tem vindo a ser reconhecido como um
problema social, criminal, transversal e heterogéneo, com consequências a diversos níveis. A
investigação tem demonstrado que a VI tem diferentes protagonistas e que os homens também
são vítimas de violência nas suas relações íntimas. Apesar da gradual atenção que tem sido
concedida a este fenómeno a nível internacional, a VI contra os homens em Portugal permanece
praticamente invisível e não é reconhecida como um tipo de violência interpessoal. Nesse sentido,
a presente dissertação tem como principal objetivo explorar o fenómeno da VI contra os homens
e, dessa forma, contribuir para o seu progressivo reconhecimento (científico, social e criminal).
Através de um design metodológico misto e uma abordagem construcionista social, pretende-se,
em particular, contribuir para o debate informado acerca deste fenómeno de modo a fomentar o
desenvolvimento de políticas e práticas efetivas que garantam respostas proporcionais às
necessidades sentidas pelas vítimas homens. De forma a atingir esses objetivos, foi realizado um
conjunto de estudos – dois teóricos e quatro empíricos. Os dois capítulos iniciais, de conceção
teórica, permitiram mapear o conhecimento científico acerca da VI contra os homens a nível
(inter)nacional. De forma crítica, foi realizada uma revisão detalhada das inúmeras abordagens
teóricas e estudos empíricos sobre o fenómeno. Apesar da controvérsia em torno da VI, tanto a
nível conceptual como metodológico, a revisão da literatura permite afirmar que os homens são
vítimas de VI. O primeiro estudo empírico (capítulo III) apresenta um estudo online junto de uma
amostra comunitária de 1556 homens heterossexuais, e teve como objetivo conhecer a
prevalência da VI, os tipos de violência e os diferentes papéis que os homens podem assumir nas
suas relações violentas (i.e., vítima, perpetrador e duplo envolvimento). Os resultados
demonstraram simetria de género nas taxas de vitimação e de perpetração, sendo a violência
bidirecional a forma mais comum de violência relatada. No segundo estudo, realizado com uma
subamostra do primeiro, especificamente, com os participantes que se identificaram como vítimas
( n = 89), procurou-se aceder aos tipos de violência, dinâmicas e contextos em que a VI ocorre,
bem como ao seu impacto nos homens vítimas. Investigar as reações que os homens adotam
após um episódio de violência, os motivos para o comportamento violento da parceira e as razões que impedem a saída das relações violentas, foram objetivos adicionais e, igualmente,
fundamentais. Os resultados indicaram que a experiência dos homens vítimas é, em muitos
aspetos, similar à das mulheres vítimas. Os homens relataram ser maioritariamente vítimas de
violência psicológica, experienciando um impacto negativo e disperso em diferentes áreas da sua
vida. A par disso, pareceram adotar reações mais cobertas para lidar com a VI (e.g., conversar
com a parceira para chegar a um entendimento). Amor, esperança e desejo em manter a vida
familiar foram as principais razões apontadas para não abandonar o relacionamento violento. Por
sua vez, o poder e o controlo e também o ciúme foram os motivos mais relatados para explicar as
agressões de que eram alvo por parte da parceira. O terceiro estudo empírico (capítulo V) teve
como propósito caracterizar e predizer o comportamento de procura de ajuda dessas mesmas
vítimas ( n = 89), junto de diferentes fontes de suporte (formais e informais), de modo a avaliar a
qualidade do apoio recebido e as necessidades sentidas pelos homens vítimas. Os resultados
evidenciaram que a maioria dos homens não procurou ajuda. Aqueles que o fizeram atribuíram
uma avaliação negativa aos recursos formais ativados. Além disso, análises de mediação
permitiram concluir que a violência física e o impacto negativo da VI parecem mediar a procura
de ajuda dos homens vítimas de VI. Neste capítulo também refletimos sobre como a
estigmatização social, o preconceito associado ao género, e a forte adesão aos valores
socioculturais vigentes podem influenciar o processo de procura de ajuda. O último estudo
empírico (capítulo VI) procurou aprofundar o conhecimento sobre os significados atribuídos à
experiência de VI. Com este propósito, através de um design qualitativo, realizámos 10 entrevistas
em profundidade junto de homens vítimas que procuraram ajuda formal (por exemplo, instituições
de apoio à vítima e/ou o sistema legal). Através da análise temática, emergiram cinco categorias
centrais das narrativas das participantes: (1) Tipos de violência; (2) Dinâmicas da violência; (3)
Impacto da VI; (4) Coping; (5) Tipo e qualidade da procura de ajuda. A maioria dos participantes
relataram ter sido vítimas de violência grave, quer ao nível físico quer psicológico, e destacaram a
vitimação secundária de que foram alvo por parte do sistema de apoio formal. A presente
dissertação finaliza com a discussão integradora dos capítulos teóricos e dos estudos empíricos.
Através de uma reflexão crítica sobre a complexa natureza deste fenómeno, são apresentadas as
principais contribuições e implicações práticas do presente trabalho. Por fim, são colocadas novas
questões que poderão servir de orientação a investigações futuras.
This doctoral dissertation had the support of the Portuguese Foundation for Science and
Technology (FCT), through the PhD grant with the reference SFRH/BD/76309/2011, funded by
POPH - QREN - Typology 4.1 - Advanced Training, reimbursed by the European Social Fund and
national funds of MEC.
This study was partially conducted at Psychology Research Centre
(UID/PSI/01662/2013), University of Minho, and supported by the Portuguese Foundation for
Science and Technology and the Portuguese Ministry of Education and Science through national
funds and co-financed by FEDER through COMPETE2020 under the PT2020 Partnership
Agreement (POCI-01-0145-FEDER-007653).

Publicação

Ano de Publicação: 2016

Identificadores

ISBN: 101395701