Passar para o conteúdo principal

A vez e a voz de mulheres-mães com filhos institucionalizados: Narrativas de histórias de vida sobre a vida em família

A vez e a voz de mulheres-mães com filhos institucionalizados: Narrativas de histórias de vida sobre a vida em família

D'Aroz, M. S.

;

Stoltz, T.

;

Martins, Paula Cristina

| Novas Edições Acadêmicas | 2015 | URI

Livro

A presente pesquisa enfoca mulheres-mães em situação de
vulnerabilidade e com filhos e ou netos institucionalizados.
Defende-se que a vulnerabilidade e as constantes situações e
formas de violência por elas enfrentadas, presentes em todas as
dimensões e ao longo das gerações, se repetem, dificultando
emergir do anonimato da vida nos becos e construir outras e
novas histórias de vida com seus pares. Visa-se, assim,
identificar aspectos incidentes e reincidentes nas histórias de vida
de mulheres-mães oriundas de contextos de vulnerabilidade
social e pertencentes a famílias multiproblemáticas com filhos e
ou netos acolhidos em instituição. Estudos revelam
principalmente a pobreza afetiva e econômica dessas famílias e a
busca fundamental não de doações, mas de oportunidade de
desenvolvimento de vida digna, contando com atividade de
geração de renda própria. Trata-se de uma pesquisa com
enfoque qualitativo, de caráter exploratório, e que se pauta no
método de Aguiar e Ozella (2006), baseado em Vygotsky.
Realizaram-se observações e entrevistas semi-estruturadas com
dez mulheres-mães e ou avós com idades entre 26 e 75 anos
com filhos e ou netos em uma instituição de acolhimento
localizada na zona rural na região metropolitana de Curitiba, PR.
Da análise de dados emergiram quatro núcleos de significação: a
infância roubada; o despreparo para ser mãe; a repetição do ciclo
e a possibilidade de novo percurso, os quais em interação
respondem aos aspectos incidentes e reincidentes nas histórias
de vida e entre as gerações dessas famílias. A análise e
discussão evidenciam a incidência e a reincidência entre
gerações de condições sociais e econômicas desfavoráveis,
dependência química, violências de diferentes ordens, problemas
de saúde, trabalho infantil, maternidade precoce, a falta de
atividade estável de geração de renda e a presença de
criminalidade. A presença de diversos parceiros, a precocidade e
o despreparo para a maternidade frente às adversidades
enfrentadas pelas mulheres afetam os filhos e as novas
gerações, levando muitas vezes ao abandono ou à ida dos filhos
às ruas, reforçando o ciclo de pobreza e de vulnerabilidades e
contribuindo para a institucionalização dessas crianças. As
mulheres-mães participantes do estudo revelam a existência de motivação para seguir em frente, buscando saber sobre os filhos
e netos mesmo em condições desfavoráveis e limitadoras. Como
conclusão, observa-se que apesar da existência de políticas
públicas voltadas a famílias com vulnerabilidade social, as
histórias dessas mulheres-mães se repetem entre gerações e
ainda apontam para um agravante, a existência de famílias, além
das crianças, vivendo nas ruas na contemporaneidade, situação
que é verificada em menor número nas gerações anteriores. Mais
do que pensar na criação de novas políticas públicas e
educacionais promotoras de bem estar, saúde física,
mental/emocional, resiliência, oportunidades de trabalho e
qualificação profissional, é fundamental voltar-se à efetiva
concretização do que já existe no papel e no discurso voltado
para a promoção de famílias multiproblemáticas em situação de
vulnerabilidades. Faz-se necessário ir até essas famílias, ouvi-las
mais, identificar as suas reais necessidades, integrando-as
efetivamente nas políticas públicas existentes. Entendem-se
esses como caminhos de intervenção, prevenção e superação
assegurando, acima de tudo, a dignidade da mulher e de sua
família frente à liberdade de exercer sua própria voz.
This research focuses on women-mothers in situations of
vulnerability and whose children or grandchildren are
institutionalized. We defend that vulnerability and the constant
situations and forms of violence faced by them, present in every
dimension and also down the generations, repeat themselves,
hindering their emergence from the anonymity of life in hardship
and hindering them from building other and new life stories with
their peers. We therefore aim to identify factors that occur and
reoccur in the life stories of women-mothers living in contexts of
social vulnerability and belonging to families with multiple
problems whose children or grandchildren have been admitted to
institutions. Studies reveal above all the affective and economic
poverty of these families and the fundamental quest not for charity
but rather for opportunities to develop a dignified life and being
able to generate their own income. This is a study with a
qualitative focus and of an exploratory nature using the method
devised by Aguiar and Ozella (2006) based on Vygotsky.
Observations and semi-structured interviews were conducted with
ten women-mothers or grandmothers aged between 26 and 75
whose children or grandchildren were living in an institution in the
rural zone of the metropolitan region of Curitiba-PR. Four
significant groups emerged from the analysis of the data: stolen
childhood; being unprepared to be a mother; repetition of the
cycle and the possibility of a new direction. In their interaction
these groups respond to aspects occurring and reoccurring in the
life stories and from generation to generation in these families.
The analysis and discussion make evident the occurrence and
reoccurrence between generations of unfavourable social and
economic conditions, chemical dependency, various kinds of
violence, health problems, child labour, early motherhood, lack of
a stable income generation activity and the presence of
criminality. The presence of several male partners, the earliness
of and unpreparedness for motherhood in the light of the
adversities faced by these women affect their children and the
new generations, often leading to their abandonment or their
children taking to the streets, reinforcing the cycle of poverty and
vulnerabilities and contributing to the institutionalization of these children. The women-mothers who took part in the study reveal
the existence of motivation to carry on, seeking to have
information about their children and grandchildren even in
unfavourable and limiting conditions. In conclusion, it can be seen
that despite the existence of public policies targeting socially
vulnerable families, the stories of these women-mothers repeat
themselves down the generations and also indicate an
aggravating factor, the existence of families, not only children,
living in the streets in contemporary society, this being a situation
which occurred less in previous generations. More than thinking of
creating new public policies and education policies to promote
well-being, physical and mental/emotional health, resilience, job
opportunities and professional qualification, it is fundamental to
work towards truly making effective that which already exists on
paper and in the discourse intended to promote families with
multiple problems in situations of vulnerability. The need exists to
reach out to these families, listen to them more, identify their real
needs and to effectively integrate them into existing public
policies. These are understood to be ways of intervening,
preventing and overcoming, so as to ensure, above all, the dignity
of women and their families and their freedom to speak for
themselves.
La presente pesquisa enfoca mujeres-madres en situación de
vulnerabilidad y con hijos y/o nietos institucionalizados. Se
defiende que la vulnerabilidad y las constantes situaciones y
formas de violencia enfrentadas, presentes en todas las
dimensiones y a lo largo de las generaciones, se repiten,
dificultando salir del anonimato de la vida en los tugurios y
construir otras y nuevas historias de vida con los suyos. Se
pretende así, identificar aspectos incidentes y reincidentes en las
historias de vida de mujeres-madres oriundas de contextos de
vulnerabilidad social y pertenecientes a familias
multiproblemáticas con hijos o nietos acogidos por instituciones.
Estudios revelan principalmente la pobreza afectiva y económica
de esas familias y la búsqueda fundamental no de donaciones,
sino de oportunidades de desarrollo de vida digna, contando con
actividades que generan renta propia. Se trata de una
investigación con enfoque cualitativo, de carácter exploratorio, y
que sigue el método de Aguiar y Ozella (2006) basado en
Vygotsky. Se realizaron observaciones y entrevistas
semiestructuradas con diez mujeres-madres y/o abuelas con
edad entre los 26 y 75 años con hijos y/o nietos en una institución
de resguardo localizada en la zona rural de la región
metropolitana de Curitiba, PR. Del análisis de datos surgieron
cuatro grupos de significación: la infancia robada; la falta de
preparación de ser madre; la repetición del ciclo y la posibilidad
de nuevo recorrido, los cuales, en interacción, responden a los
aspectos incidentes y reincidentes en las historias de vida y entre
las generaciones de esas familias. El análisis y la discusión
ponen en evidencia la incidencia y reincidencia entre
generaciones de condiciones sociales y económicas
desfavorables, dependencia química, violencia de diferentes
ordenes, problemas de salud, trabajo infantil, maternidad precoz,
la falta de actividad estable de generación de renta y la presencia
de criminalidad. La presencia de diversos convivientes, la
precocidad y la falta de preparación para la maternidad frente a
las adversidades enfrentadas por las mujeres afectan a los hijos y
a las nuevas generaciones, llevando muchas veces al abandono
o a la huida de los hijos a las calles, reforzando el ciclo de
pobreza y de vulnerabilidades y contribuyendo para la reclusión institucional de esos niños. Las mujeres-madres participantes del
estudio revelan la existencia de motivación para seguir en frente,
buscando saber sobre los hijos y los nietos, inclusive en
condiciones desfavorables y limitadoras. Como conclusión, se
observa que a pesar de la existencia de políticas públicas
dirigidas a familias con vulnerabilidad social, las historias de esas
mujeres-madres se repiten entre generaciones y aún apuntan
para un agravante, la existencia de familias además de los niños,
viviendo en las calles en la contemporaneidad, situación que es
verificada en menor número en las generaciones anteriores. Más
que pensar en la creación de nuevas políticas públicas y
educacionales promotoras de bienestar, de salud física,
mental/emocional, resiliencia, oportunidades de trabajo y
calificación profesional, es fundamental encaminarse a la efectiva
concretización de lo que ya existe en el papel y en el discurso
orientado a la promoción de familias multiproblemáticas en
situación de vulnerabilidad. Se hace necesario ir hasta esas
familias, escucharlas más, identificar sus reales necesidades,
integrándolas efectivamente a esas políticas públicas existentes.
Se entienden esos lineamientos como caminos de intervención,
prevención y superación, asegurando, sobre todo, la dignidad de
la mujer y de su familia, frente a la libertad de ejercer su propia
voz.
Fundos Nacionais através da FCT (Fundação para a Ciência e a Tecnologia) e cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) através do COMPETE 2020 – Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (POCI) no âmbito do CIEC (Centro de Investigação em Estudos da Criança, da Universidade do Minho) com a referência POCI-01-0145-FEDER-007562
CIEC - Centro de Investigação em Estudos da Criança, IE, UMinho (UI 317 da FCT), Portugal
info:eu-repo/semantics/publishedVersion

Publicação

Ano de Publicação: 2015

Editora: Novas Edições Acadêmicas

Identificadores

ISBN: 978-3-8417-0713-0