Compreendendo a vitimização online: uma análise da validade da teoria das actividades de rotina na explicação da vitimização online
Conference Paper
Introdução: Nos últimos dez anos, a investigação acerca da utilização das novas tecnologias por parte dos jovens tem demonstrado que a utilização da Internet e outros meios de informação e comunicação por parte dos adolescentes tem aumentado drasticamente, principalmente no que diz respeito à utilização da multiplicidade dos meios de comunicação disponíveis. Este tipo de tecnologia social permite a estes jovens a expansão das suas redes sociais e amplia as formas de comunicação com amigos e família. Não obstante, todos estes benefícios encontram igualmente o reverso da moeda, uma vez que também criam um ambiente novo e essencialmente não regulamentado, que expõe os jovens a uma multiplicidade de riscos: violência, bullying, predadores sexuais, entre outros. Embora a investigação nesta área também tenha aumentado, os resultados disponíveis são essencialmente descritivos e marcados pela falta de uma perspectiva crítica que procure compreender a vitimização online. Para responder a esta necessidade, recorremos à teoria das actividades de rotina, que se tem provado bastante útil na explicação de diferentes tipos de vitimização criminal. Esta teoria defende que existem três componentes necessários numa situação para que um crime ocorra: um alvo adequado; um agressor motivado e a falta de um guardião capaz.
Objectivo: A presente investigação pretende examinar a validade da teoria das actividades de rotina na explicação da vitimização online na adolescência, com o intuito
de contribuir para a literatura nesta área, considerando a geral falta de pesquisa explanatória neste tema. De forma a alcançar uma visão mais compreensiva do fenómeno efectuamos uma comparação cross-cultural entre Portugal, Espanha e Reino Unido
Metodologia: Para atingir os nossos objectivos, desenvolvemos um questionário (Avaliação de Vitimização Online), constituído por 78 itens que avaliam características sociodemográficas, comportamentos online, supervisão parental e regras acerca das actividades online, riscos comerciais, acesso a sites de conteúdo inapropriado e fornecimento de dados pessoais. Este questionário foi aplicado a uma amostra de 1200 jovens dos 10 aos 18 anos de Portugal, Espanha e Reino Unido.
Resultados: Os resultados alcançados revelam a aplicabilidade desta teoria na compreensão da vitimização online. A análise dos dados revela que os adolescentes que têm comportamentos online
que aumentam a sua exposição a ofensores motivados, parecem ter sido vítimas de, pelo menos, um tipo de risco.