Investir em pessoas compensa?

Tese de Doutoramento em Psicologia Aplicada
Este trabalho pretende contribuir para uma melhor compreensão do impacto das variáveis psicológicas
no desempenho organizacional e apontar novas fontes de informação que possam contribuir para o
aprofundamento da análise dos dados de recursos humanos, nas empresas. Concretamente, estudamos
a variação no desempenho organizacional quando as empresas investem nos funcionários e quando as
empresas não investem, a fim de responder à pergunta “Investir nas pessoas compensa?”. Analisamos
também a relação entre contexto e desempenho, tomando a organização como unidade de análise.
Com esse objetivo, apresentamos um estudo sobre os efeitos do investimento em capital humano e outro
sobre os efeitos da Insegurança no Emprego no Desempenho Organizacional. Concluimos que:
1. O aumento de 1% no Investimento em Capital Humano produz um aumento de 0,63% no
Valor Acrescentado Bruto, no mesmo ano, e de 0,65%, se o aumento for consistente por 2 anos.
Concluímos também que o contexto organizacional, no qual ocorrem os comportamentos, tem
impacto positivo no desempenho, principalmente quando o Investimento em Capital Humano é
feito no contexto de declínio da empresa;
2. para cada 1% de Insegurança Qualitativa no Trabalho, o Valor Acrescentado Bruto diminui
5,4% e o Volume de Negócios diminui 5,3% nas pequenas empresas. Concluímos também que
no contexto organizacional de reestruturação, para cada 1% de casos de Insegurança Qualitativa
no Emprego, o Valor Acrescentado Bruto diminui 8,5% e o Volume de Negócios 4,8%. Não foi
encontrado nenhum efeito de Insegurança Quantitativa no Emprego.
Por fim, apresentamos e discutimos uma proposta de modelo teórico integrativo. O modelo baseia-se
nas nossas reflexões sobre os dois estudos anteriores e também em modelos teóricos que nos
permitiram compreender a relação entre uma variável psicológica (insegurança no emprego) e o
desempenho organizacional.
Propomos um modelo teórico agregador, ancorado na Confiança, na Teoria da Conservação de Recursos
e na Teoria das Trocas Sociais, para compreender os resultados dos estudos empíricos sobre mediação
e moderação entre Insegurança no Trabalho e Desempenho Organizacional, publicados entre 2000 e
2020.
This work intends to contribute to a better understanding of the impact of psychological variables on
organizational performance and to point out new sources of information that can contribute to deepening
HR Analytics in companies. Concretely, we study the variation in organizational performance when
companies invest in employees and when companies do not invest, in order to answer the question
“Investing in people pays off?”. We also analyze the relationship between context and performance, taking
the organization as a unit of analysis.
With this goal, we present one study on the effects of investment in human capital and another one the
effects of job insecurity on organizational performance.
We conclude that:
1. 1% increase in Investement in Human Capital produces an increase of 0,63% in Gross Value
Added in the same year, and 0,65%, if the increase is consistent for 2 years. We also conclude
that the organizational context, in which behaviours occur, has a positive impact on performance,
especially when the Investment in Human Capital is made in decline context of firm;
2. for every 1% of Qualitative Job Insecurity, Gross Value Added decreases 5,4% and Net Sales
decreases 5,3% in small firms. We also conclude that in the organizational context of shake-out,
for every 1% of cases of Qualitative Job Insecurity, Gross Value Added decreases by 8.5% and
Net Sales 4.8%. No related effect for Quantitative Job Insecurity was found.
Finaly, we present and discuss a proposal for an integrative theoretical model. The model is based on our
reflections upon the two previous studies and also on theoretical models that allowed us to understand
the relationship between a psychological variable (e.g. job insecurity) and organizational performance.
We propose an aggregating theoretical model, ancored on the Conservation of Resources Theory, Social
Exchange Theory and Trust to understand the results of empirical studies on mediation and moderation
between Job Insecurity and Organizational Performance, published between 2000 and 2020.