Attachment disorganization and attachment disordered behaviors in a group of portuguese institutionalized children
Silva, Joana Maria Ribeiro
Thesis
Tese de doutoramento em Psicologia (ramo do em conhecimento Psicologia Clínica)
A vinculação tem sido um dos tópicos mais estudados pela investigação realizada em
crianças institucionalizadas pois, na maioria destes contextos, as crianças são privadas do
estabelecimento de interacções regulares e individualizadas com um número limitado e
consistente de cuidadores. Em geral, os dados empíricos têm fundamentado um dos
princípios básicos da teoria da vinculação, que se traduz na perspectiva de que a qualidade
de prestação de cuidados institucional pode implicar graves riscos para o desenvolvimento
da vinculação das crianças, podendo mesmo conduzir, em situações extremas, à
impossibilidade da criança desenvolver uma relação de vinculação selectiva e organizada.
Contudo, em Portugal não se tem assistido a um investimento da investigação em examinar
não só a qualidade dos cuidados prestados pelos contextos institucionais, bem como as
implicações desenvolvimentais desta vivência institucional, especialmente no que respeita à
qualidade da vinculação em bebés.
Deste modo, o principal objectivo do presente estudo consistiu em descrever a
frequência de desorganização e perturbação de vinculação num grupo de crianças
portuguesas institucionalizadas e perceber se as diferenças individuais constatadas na
vinculação se encontravam associadas a diferenças nas experiências das crianças
relativamente ao risco familiar precoce e à qualidade da prestação de cuidados institucional. Utilizando a psicopatologia do desenvolvimento como grelha conceptual, o presente
estudo recorreu a uma abordagem multi-método e multi-nível para analisar a vinculação de
85 crianças, entre os 12 e os 30 meses de idade, institucionalizadas em Centros de
Acolhimento Temporário do norte de Portugal. Em geral, os resultados mostraram-se
consistentes com os princípios da teoria da vinculação e com a investigação empírica em
crianças institucionalizadas, revelando uma frequência preocupante de desorganização e
perturbação de vinculação neste grupo de crianças. A maioria destes comportamentos
atípicos/perturbados de vinculação estavam associados a diferenças individuais na qualidade
dos cuidados relacionais experienciados pelas crianças no contexto institucional. Por outro
lado, as experiências de risco familiar contribuíram, de forma significativa, para a
desorganização da vinculação, enquanto o funcionamento psicológico individual contribuiu para a explicação dos comportamentos perturbados de vinculação das crianças, em particular
para os sub-tipos indiscriminado e inibido e a idade da criança estava associada aos
comportamentos de distorção de base segura.
Attachment has been one of the most recurrent research topics with institutional reared
children. In these settings the children are often generally deprived of regular and
individualized interactions with a limited and consistent number of caregivers. In general,
the present empirical data support the main tenets of the attachment theory, i.e. the quality of
institutional care can pose serious risk for children’s attachment development and, in
extreme situations, may even impede the child of developing a selective and organized
attachment relationship. However, in Portugal, there still is lack of research to examine the
quality of care provided by the institutional settings and the developmental implications of
this rearing experience, namely the attachment quality of small children.
Thus, the main goal of the present study was to describe the frequency of attachment
disorganization and disordered behaviors in a group of Portuguese institutionalized children
and to examine whether these individual differences in attachment outcomes were associated
with differences in children´s experience of early family risk and quality of institutional
caregiving.
Using developmental psychopathology as a framework, the current study has used a
multi-method and multi-level approach to analyze the attachment outcomes of 85 children,
aged between 12 and 30 months, living in institutional settings in the north of Portugal.
Overall, results were consistent with the theoretical assumptions of the attachment
theory and with the empirical data from institutional reared children. The present findings
revealed concerning frequencies of disorganization and disordered attachment behaviors in
this group of children. Furthermore, most of these atypical/disordered forms of attachment
seem to be associated with individual differences in the quality of institutional relational
care experienced by the children. Family risk experiences contributed for children’s
attachment disorganization while individual psychological functioning accounted for
children’s attachment disorders, inhibited and indiscriminate sub-type. Children’s age
emerged as the variable more closely associated with secure base distortions behaviors.