Em entrevista ao jornalista Tiago Ramalho, publicada no jornal Público em 5 de janeiro de 2025, Liliana Capitão, investigadora do Laboratório de Neurociência Psicológica do CIPsi, destacou a importância de estudar a raiva, uma emoção frequentemente negligenciada.
Conhecida como a "emoção esquecida", a raiva ocupa um espaço ainda pouco explorado na experiência humana: é vista como indesejável e muitas vezes suprimida, mas desempenha um papel crucial. Liliana Capitão, investigadora responsável pelo estudo "Anger in the mind and body: from unconscious cognitive mechanisms to psychophysiological substrates", financiado pela Fundação Bial, está determinada a descodificar os mistérios desta emoção ampliando a compreensão científica sobre o tema.
Na entrevista, a investigadora explicou que a raiva é frequentemente mal compreendida porque não gera empatia nos outros e é vista como algo que deve ser evitado.“Não é socialmente aceite estar frustrado ou zangado, existe uma pressão para suprimir a raiva. É uma emoção que não gera empatia nos outros", além de estar associada a perturbações psicológicas como depressão e ansiedade e também a comportamentos agressivos, os quais não são bem aceites.
“Uma das hipóteses do nosso estudo era que as pessoas com mais propensão para detectar ameaça de forma inconsciente e consciente [no jogo de espelhos, tarefa de reconhecimento de expressões faciais e nos questionários] poderão também ser aquelas que perante algum estímulo, muitas vezes inofensivo ou ambíguo, ficam mais activadas porque têm essa propensão”. Os resultados preliminares indicam que esta hipótese poderá ser confirmada, mas uma análise detalhada dos dados ainda será concluída.
Além de aprofundar a ciência por trás da raiva, o estudo poderá contribuir para desenvolver estratégias terapêuticas, para ajudar indivíduos a reconhecer e gerir a raiva, bem como programas educativos.
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https://www.publico.pt/2025/01/05/ciencia/noticia/raiva-funcionas-emocao-esquecida-procura-atencao-minho-2116259
