Experiências adversas e comportamentos de risco: o papel da perspetiva temporal e expetativas
Rodrigues, Elsa Maria Lopes
Tese
Dissertação de mestrado integrado em Psicologia
Os adolescentes em acolhimento residencial apresentam maior risco de envolvimento em comportamentos de risco do que os pares de contextos normativos, sendo que as experiências adversas
aumentam o risco de envolvimento nesses comportamentos. Por outro lado, a perspetiva temporal
adquire maior significado na adolescência, principalmente a dimensão futura onde se inclui a formação
de expetativas. Este estudo averiguou o papel que a perspetiva temporal, particularmente a orientação
para o futuro e as expetativas, desempenham na relação entre as experiências adversas dos adolescentes
em acolhimento e o envolvimento em comportamentos de risco. Teve como participantes 57 jovens
residentes em casas de acolhimento, com idades compreendidas entre 13 e 18 anos. Foram utilizadas
medidas das experiências adversas, comportamentos de risco, expetativas e perspetiva temporal. A
orientação futura e as expetativas não desempenharam um papel moderador na relação entre as
experiências adversas e os comportamentos de risco. Verificou-se ainda uma orientação predominante
dos jovens para o presente hedonista e para o passado negativo e que as suas expetativas positivas de
bem-estar ultrapassam as expetativas familiares e académicas. Estes resultados contribuem para uma
melhor compreensão acerca do impacto da perspetiva temporal e expetativas nos comportamentos de
risco de jovens com história de experiências adversas.
Adolescents in residential care are at greater risk of engaging in risk behaviors than peers living in normative contexts, and adverse experiences increase the risk of involvement in these behaviors. On the
other hand, the time perspective acquires greater significance in adolescence, especially the future
dimension where the formation of expectations is included. This study investigated the role that the time
perspective, particularly the orientation towards the future and expectations, play in the relationship
between the adverse past experiences of adolescents in residential care and the involvement in risk
behaviors. Participants included 57 youths living in foster homes, aged between 13 and 18 years.
Measures of adverse experiences, risk behaviors, expectations and time perspective were used. The future
orientation and expectations did not play a moderating role in the relationship between adverse
experiences and risk behaviors. There was also a predominant orientation of adolescents to the hedonistic
present and to the negative past and that their positive expectations of well-being surpassed family and
academic expectations. These results contribute to a better understanding of the impact of the time
perspective and expectations on the risk behaviors of young people with a history of adverse experiences.